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segunda-feira, 4 de março de 2019

Arquivo Mundial do Ártico guarda histórias de vida de brasileiros


Por Jornal Nacional
 

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Histórias de vida de brasileiros vão fazer parte de arquivo da memória mundial
Os depoimentos de centenas de brasileiros vão ser eternizados numa espécie de cofre da humanidade.
A história da gente é como a impressão digital, a íris dos olhos: faz de cada um de nós um ser único.
“Eu fui a Fortaleza numa reunião, aí voltei pela Bahia e, nessa viagem, deu estalo e vou criar uma biblioteca lá no Paiaiá, que é o povoado que eu me criei”, disse Geraldo Prado, criador da maior biblioteca rural do mundo.
“Eu disse a ela, olha, eu trabalho, isso aqui não é roubado nem pedido de esmola, aqui é meu suor, eu trabalho de catando papelão lá no aterro de Canabrava”, afirma Joselita Cardoso, líder nacional dos catadores de papel.
Cada dia da nossa vida vai esculpindo quem somos. A história da gente é obra de arte - já foi até para o museu. O Museu da Pessoa, em São Paulo, tem um acervo digital de quase 20 mil histórias de vida.
Histórias assim costumam ser passadas de boca a boca, de geração para geração. Ficam restritas à família e aos amigos, sujeitas ao esquecimento e à imprecisão da memória. Mas, agora, elas estão protegidas. Dá para dizer que essas histórias se tornaram eternas.
Uma parte do acervo do Museu da Pessoa foi armazenada muito longe da maior parte da humanidade, num lugar onde não existem disputas políticas, guerras, terremotos.
Esse lugar fica perto do Polo Norte. É o arquipélago de Svalbard, que pertence à Noruega. Lá, fica o Arquivo Mundial do Ártico.
É uma espécie de bunker dentro de uma antiga mina de carvão onde estão armazenados arquivos digitais de vários países: manuscritos do Vaticano, a declaração de independência do México, a Lei Áurea, que acabou com a escravidão no Brasil.
“Ele é um lugar de guarda das informações digitais do mundo. Então são documentos, ideias do que a gente vai deixar como legado da humanidade. Acho que isso é uma grande arca de Noé, onde a gente está botando naquele navio o que teria que ficar daquilo que a gente entende como sendo a nossa civilização”, explica Karen Worcman, diretora do Museu da Pessoa.
Agora, além de documentos, esse arquivo também passa a ter histórias de vida, histórias de brasileiros anônimos:
“Todo mundo foi para trabalhar, mas quando nós chegamos lá, nós chegamos lá e fomos parar dentro de uma boate”.
E famosos, como Amyr Klink, navegador brasileiro que fez a primeira travessia solitária a remo do Atlântico sul.
“Eu estava fascinado com a ideia de ser dono do tempo, eu queria possuir o tempo”.
E Laerte, uma das mais conhecidas e importantes quadrinistas do Brasil.
“Religião e política tinham presença muito discreta na minha casa”.
“A memória não e só feita de documentos e não só de documentos oficiais. A história e o legado são feitos sobretudo da história de cada um de nós. A ideia é que essa iniciativa de levar a história de pessoas - no caso é o acervo do Museu da Pessoa no Brasil - seja uma inspiração para que isso se multiplique como uma memória de pessoas de todas as partes do mundo”, disse Karen.
Tula Pilar, mineira, de origem pobre, era criança quando começou a trabalhar como empregada doméstica. Hoje, vive de poesia na periferia de São Paulo. A história dela é uma das que estão guardadas para daqui a centenas, milhares de anos.
“Aqui no Brasil não acabou o racismo, ele é camuflado, ele é falso, mas ele está aí em alta, infelizmente”, diz ela.
Quem sabe se ela vai ajudar a inspirar a humanidade do futuro?
“Eu acho que a minha história pode trazer isso para a meninada, sabe? Ver quem foi essa mulher que limpou chão, mas de repente empunhou a caneta. Eu falo que eu troquei a vassoura por caneta”, fala Tula.
“A pobreza não quero mais. Morar no barraco de novo nunca mais. Porque agora a caneta é meu troféu, borda as palavras no papel e é tudo que eu quero dizer”, declama ela.
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