China investe na construção de ferrovia em África
O Banco de Importações e Exportações concederá ao
governo queniano um crédito no valor de 3,6 bilhões de dólares
destinados para este maior projeto na África Oriental. O anúncio foi
feito após um périplo africano do primeiro-ministro chinês, Li Keqiang,
que esteve em visita no Quênia, Etiópia, Nigéria e Angola.
Uma
seção ferroviária que ligará o porto de Mombaça à capital do Quênia faz
parte da rota africana oriental. Deste modo, os países vizinhos sem a
saída para o mar terão um acesso direto ao oceano Índico. Trata-se do
Sudão do Sul, a República Democrática do Congo, Burundi, Uganda e
Ruanda.
Nesses países ninguém põe em causa a eficácia do
projeto. O caminho de ferro permitirá ainda uma entrada para os
mercados globais. Simultaneamente, serão criados incentivos reais para o
desenvolvimento do comércio regional. Ambos os fatores são favoráveis
para a China, opina Alexander Larin, do Instituto de Extremo Oriente:
“O
evento se enquadra no rumo da política econômica externa da China que
anda à procura de matérias-primas pelo mundo inteiro, procurando acesso
às suas reservas, sobretudo, energéticas. Tal é a sua estratégia. Diante
disso e para reforçar a sua influência, a China tem investido enormes
capitais em construção de infra-estruturas – ferrovias e rodovias,
sistemas de comunicações, caminhos para as fontes de energia, visando as
futuras importações”.
O
êxito do projeto permitirá à China transportar em cisternas o petróleo
do Sudão do Sul para o porto queniano de Mombaça. Hoje, as importações
de petróleo através do Sudão estão praticamente suspensas devido ao
conflito interno sudanês. Além disso, a China pretende assegurar deste
modo as importações de petróleo do Uganda que se realizam mediante um
oleoduto, em perigo permanente por causa de conflitos inter-étnicos
regionais.
Entretanto, no Uganda e no Ruanda, a
China mantém projetos importantes no setor pesqueiro e agrícola. A nova
via férrea tem sido vista com a principal artéria das importações de
mercadorias desse grupo. O projeto de construção foi apresentado pela
empresa pública China Road and Bridge Corporation, tendo o contrato sido
promovido pelo presidente da China, Xi Jinping, ainda em agosto do ano
passado nas conversações travadas em Pequim com seu homólogo queniano,
Uhuru Kenyatta. Três meses depois, o projeto começou a ser implementado.
Foi anunciado ainda que as obras seriam financiadas pelo Banco de
Importações e Exportações da China.
Enquanto isso, um
acordo sobre a concessão de créditos foi celebrado ao cabo de seis
meses. Não se exclui que a demora tenha sido relacionada com intrigas
políticas tecidas por oponentes do presidente do Quênia, descontentes
que a China tinha sido convidada sem qualquer concurso, prevendo a
participação de outros candidatos.
Os críticos afirmam
que o monopolismo permite que os chineses aumentem preços por serviços
prestados, enquanto as vitórias em concursos se alcançam devido à larga
ajuda financeira de Pequim. O nosso perito, Alexander Larin, comenta:
“Tal
cenário tem sido real, já que a China se tornou uma potência influente
que conta com meios enormes para fazer investimentos, estabelecer
contatos necessários e criar um clima político propício para seus
investimentos. O dinheiro não deixa de ser um instrumento potente para o
desenvolvimento de colaboração”.
A China monopolizou a
construção e a reabilitação de ferrovias na Nigéria e na Etiópia, tendo
alocado para o efeito um montante sumário de 12,3 bilhões de dólares.
Para as obras de modernização de portos marítimos tanzanianos foram
investidos 5 bilhões de dólares. Com isso, a China praticamente não tem
concorrentes, nem do ponto de vista financeiro, nem em termos de apoio
logístico e recursos humanos, salienta a perita do Instituto de África,
Tatiana Deich:
“Até os países do Ocidente têm
dificuldades em concorrer com a China nessa vertente. Em muitas
ocasiões, segundo reconhecem os próprios africanos, o Ocidente
condiciona a ajuda aos determinados motivos políticos. A China não faz
isso. Colabora com todos. O seu maior princípio é não interferir nos
assuntos internos dos países africanos, ajudando-os”.
A
recente visita do presidente do Conselho de Estado, Li Keqiang,
redundou em uma nova intervenção financeira da China no continente
africano. Foi anunciada a decisão de aumentar créditos em 10 bilhões,
podendo esses vir a totalizar 30 bilhões de dólares. O Fundo de
Desenvolvimento Chinês-Africano irá crescer em 2 bilhões, se estimando a
partir daí em 5 bilhões de dólares.
Leia mais: http://portuguese.ruvr.ru/2014_05_14/China-investe-na-construcao-de-ferrovia-em-Africa-3919/
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