Os cães dos esquimós foram imprescindíveis para a conquista do Ártico

Os antepassados dos inuítes – nação indígena esquimó – levaram os seus cães para quando migraram do Alasca e da Sibéria, introduzindo os trenós na região do Ártico. 
Os arqueólogos acreditam que esses cães ajudaram os esquimós a conquistar a paisagem inóspita, ajudando-os a viajar e caçar com mais eficiência do que se tivessem adotado cães já presentes na região.
Uma equipa internacional de investigadores analisou os restos mortais de centenas de cães do Ártico com mais de mil anos, juntamente com o ADN de 900 cães e lobo que viveram na região desde há 4.500 anos.
As suas descobertas, publicadas esta semana na revista científica Proceedings of the Royal Society B: Biological Sciences, são as primeiras a mostrar que os antepassados dos esquimós modernos introduziram uma nova população de cães especializados na área em vez de adotar populações locais muito menores já presentes.
Isto sugere que aquele povo queria aproveitar as características dos seus próprios cães, uma vez que eram úteis para se expandirem na paisagem inóspita.
“As pessoas interessam-se por cães e, em particular, por cães de trenó há muito tempo, tanto em arqueologia como noutras disciplinas. No entanto, estes estudos não tiveram em conta os cães que estavam presentes no Ártico antes”, disse Carly Ameen, investigador da Universidade de Exeter e principal autor do estudo, em declarações à Newsweek.
“Em vez disso, concentraram-se em como os cães inuíte estavam relacionados com os cães de trenó modernos, mas o que queríamos investigar era como estes cães inuítes se comparam aos cães já na América do Norte. Essas perguntas, obviamente, contêm informações importantes para as populações de cães do Ártico, mas também pode ajudar a entender como interagiam os humanos que estavam a migrar em redor do mundo e como utilizaram os seus cães”, explicou.
Após sua chegada, a população local de cães foi quase completamente substituída, segundo Ameen. Tatiana Feuerborn, uma das autoras do estudo, disse que os cães de trenó terão provavelmente ajudado os antepassados esquimós a alcançar o Ártico.
“O uso de cães provavelmente aumentou a velocidade com que podiam viajar, facilitando a migração pela região numa ou duas gerações, como sugerido por evidências arqueológicas. Além disso, o trenó puxado por cães no gelo do mar também permitirá que caçassem com eficiência mamíferos marinhos”, explicou.
O facto de os cães serem mantidos sugere o seu valor, acrescentou Ameen. “Ajuda a reforçar as ideias de que estes cães eram especializados em puxar trenós”, disse. “Isso sugere que era importante para os esquimós que os cães que puxavam os trenós fossem de uma raça específica”.
Os cães de trenó ainda desempenham um papel importante para os esquimós atuais no Ártico norte-americano, embora as suas populações estejam agora a cair.
Os investigadores sabiam que os cães de trenó de hoje seriam, pelo menos em parte, descendentes de cães que chegaram durante o período inuíte. No entanto, os resultados mostraram que a população moderna parece ser descendente direta dessa população.  Ainda assim, são necessários mais estudos genéticos para confirmar.
ZAP //

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