Hyperloop quer vir e Tesla é incógnita, mas Brasil só tem entraves
Dois projetos relacionados com Elon Musk estão em pauta no Brasil. Um tem tudo para vir, mas está encontrando falta de apoio do poder público. O outro é desejado pelo governo federal, mas é incerto devido a outros problemas que o país enfrenta.
Essa é a situação que envolve Hyperloop e Tesla, duas das cases do bilionário sul-africano Elon Musk, no Brasil. Enquanto um grupo apoiado pelo governo federal parte neste sábado (7) para os EUA, em busca de contato com a Tesla, o outro projeto quer vir ao país.
A Hyperloop Transportation Technologies é uma empresa que surgiu da ideia de Elon Musk, de um pod deslizando num tubo de vácuo e levitado por magnetismo, alcançando velocidades muito altas, geralmente entre 1.000 km/h e 1.200 km/h. Transportando pessoas ou mercadorias, o HyperloopTT promete até superar os aviões em agilidade nas viagens.
Nos próximos cinco anos, a empresa pretende incluir o Brasil, de acordo com Dirk Ahlborn, fundador e CEO da HyperloopTT. A companhia americana está conversando com concessionárias de rodovias e empresas de infraestrutura para viabilidade do negócio.
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Para a HyperloopTT, o interesse do poder público é um problema para a viabilidade do negócio no Brasil. A empresa chegou a criar um centro de pesquisa e desenvolvimento em Minas Gerais, mas o governo local não concedeu um empréstimo de R$ 13 milhões para o andamento do projeto, que acabou sendo cancelado.
A HyperloopTT não conseguiu convencer o governo paulista a apostar no trem de alta velocidade, que poderia encurtar o tempo de viagem entre São Paulo e Campinas para apenas 6 minutos. Da capital paulista ao Rio de Janeiro, o pod entubado bateria o tempo de voo da Ponte Aérea facilmente, baixando para meros 25 minutos de viagem.
Agora, a empresa conversa com Curitiba, na tentativa de conseguir um apoio do governo local para o empreendimento, que ainda não se sabe em quanto tempo faria a viagem entre a capital paranaense e Foz do Iguaçu, por exemplo, mas certamente seria em mais rápido que um voo regional.
Contudo, a HyperloopTT ainda não colocou nenhum projeto em operação nos países onde atua. Acredita-se que o primeiro funcionará este ano nos Emirados Árabes Unidos. A partir daí, sabendo-se de fato de sua eficiência, as chances da empresa em outros lugares devem aumentar.
Tesla “longe”
Já a Tesla nunca mencionou o Brasil como uma possível localidade de uma Gigafactory, tendo Musk indicado apenas que o Model 3 seria vendido por aqui. Um grupo liderado pelo deputado federal Daniel Freitas (PSL-SC), vai neste fim de semana aos EUA, mas ainda não sabe se conseguirá conversar com Elon sobre o assunto.
A ideia é convencer Musk das vantagens de investir numa fábrica no Brasil, contando ainda com apoio do governo federal para isso. No entanto, existem problemas que precisam ser revistos para atrair a atenção da fabricante de carros elétricos. Isso sem contar a concorrência vinda do Chile, país de reservas de lítio e com livre acesso ao mercado americano.
Embora sejam projetos grandiosos, ter Hyperloop e Tesla no Brasil, pode ser um caminho muito difícil. Mesmo que haja interesse da empresa do pod (que leva até 30 pessoas), setores da economia certamente não iriam gostar nada do negócio, especialmente empresas aéreas e transportadores de carga, visto que existe a versão cargueira do projeto.
Estas apoiam políticos no congresso e a operação de um modal diferente do que existe, pode encontrar entraves políticos e burocráticos. No caso da Tesla, a economia nacional em baixa, desvalorização do real, ausência de políticas de incentivos fiscais e mais uma infinidade de detalhes, são obstáculos que minariam a confiança de Musk em apostar no Brasil.
Sobre o Autor
Ricardo de Oliveira
Técnico mecânico, formado há 23 anos. Há 12 anos trabalha como jornalista no Notícias Automotivas, escreve sobre as mais recentes novidades do setor, frequenta eventos de lançamentos das montadoras e faz nossos testes e avaliações. Também trabalhou nas áreas de retificação de motores, comércio e energia.
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