ARADO
Expresso quer atender região Sul
Prefeitura alega não ter detalhes do projeto de locomotiva que pretende ligar Lavras a Varginha
PUBLICADO EM 16/12/18 - 03h00
A ideia de ter entre as atrações turísticas de Lavras, no Sul de Minas, um trem de passageiros que parta da Estação Ferroviária Costa Pinto é aprovada pela Secretaria de Esportes, Lazer, Turismo e Cultura do município. Mas a falta de clareza em relação ao projeto e o fato de a cidade não ter sido incluída até o momento nas conversas sobre a criação do Expresso do Rei, que pretende ligar a cidade a Varginha, na mesma região, preocupam o secretário da pasta, Alexandre Belo. “Interesse nós temos. O que não temos é conhecimento da forma como tudo está sendo estruturado”, diz.
Segundo o presidente do Circuito Ferroviário Vale Verde (CFVV), César Mori, que coordena o projeto, o Expresso do Rei deverá passar por cerca de 120 km de trilhos que não são usados há aproximadamente oito anos pela VLI, controladora da Ferrovia Centro-Atlântica.
A concessionária afirma que apoia a iniciativa e que já cedeu locomotivas e equipamentos necessários para tornar o projeto realidade. No entanto, as más condições de conservação da linha férrea impedem o tráfego de trens. Além disso, a análise do projeto foi suspensa pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT). Segundo o órgão, a entidade responsável pelo Expresso do Rei não encaminhou parte dos documentos exigidos para aprovar a prestação de serviços de transporte ferroviário de passageiros com finalidade turística. Apesar dos entraves, Mori diz ser possível colocar a primeira fase do projeto em operação já no ano que vem.
Enquanto o projeto segue só no papel, a microempresária Josiane Catão, 35 – que frequentemente usa o trem de passageiros entre Belo Horizonte e Governador Valadares, na região do Rio Doce –, sonha em usufruir da locomotiva turística no Sul de Minas, região que visita com regularidade. “Viajar de trem é superseguro, confortável e barato. Bem melhor do que pegar a estrada com o carro”, compara.
Recursos para obras em vias de ferro podem vir de multas
Para deputados que integram a Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), a solução para revitalizar estradas de ferro abandonadas e viabilizar a circulação de trens turísticos no Estado pode vir dos recursos provenientes de multas aplicadas às concessionárias.
No fim do mês passado, uma medida provisória (MP) que criava o Fundo Nacional de Desenvolvimento Ferroviário (FNDF) caducou após a obstrução de parlamentares de todos os partidos na Câmara Federal. Em Minas, o deputado estadual João Leite (PSDB) comemorou o encerramento da tramitação da MP.
Segundo o parlamentar, caso o fundo fosse criado e entrasse em vigor, os recursos milionários vindos das multas por falta de zelo com as ferrovias de Minas não seriam aplicados no Estado.
União de forças
O parlamentar, que preside a comissão sobre o tema na Assembleia Legislativa de Minas, aposta na atuação do Ministério Público Federal (MPF), que também está na luta para que o dinheiro seja aplicado nas estradas de ferro mineiras.
João Leite afirma que, com o valor das multas, seria possível viabilizar não só a reativação da chamada Linha Mineira, que segue até o Rio de Janeiro, como também tornar realidade os projetos de trens turísticos BH-Inhotim e Lavras-Varginha, além de colocar em circulação outras linhas de transporte de passageiros sobre trilhos, como um trem metropolitano.
“Dá para viabilizar todos eles com esses recursos. Nós temos que retomar o vigor ferroviário de Minas Gerais. O dinheiro está aí”, defende o deputado estadual João Leite.
Saiba mais
“Detalhe”
Para o diretor da ONG Trem, Luciano Murta, a discussão sobre os trens turísticos é apenas um detalhe diante de um problema muito mais amplo que envolve as estradas de ferro em Minas Gerais.
Opinião
“Essa é só uma ideia para evitar a deterioração total das linhas abandonadas. A luta maior é para que as concessionárias não abandonem as ferrovias”, disse Murta.
Defesa
Para André Tenuta, da ONG Trem, concessionárias dão “desculpas esfarrapadas” para não compartilhar linhas.
Trechos
Subutilização. Segundo ONGs, Minas tem ao menos 14 trechos que poderiam receber trens de passageiros. As instituições afirmam que dez deles são subutilizados por concessionárias.
Ramos
Responder - 0 - 0 - Denunciar - 3:35 PM Dec 16, 2018
Barbosa
Responder - 1 - 0 - Denunciar - 11:18 AM Dec 16, 2018