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segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

CÍCULO POLAR ÁRTICO O NOVO EL DORADO DO PETROLEO

CÍRCULO POLAR ÁRTICO

29/11/2013 - 20:47:10 Brincam com o fogo na terra do gelo

Gigantesca riqueza energética é o butim a dividir

Murmansk – Petróleo, gás natural, ouro, vários metais e minérios estratégicos, ricas reservas de pesca, rotas marítimas que reduzem consideravelmente percursos e tempo e, consequentemente, o custo de transporte de mercadorias... É para ficar surpreendido com o Círculo Polar Ártico, que se revela moderno Eldorado e, simultaneamente, campo de escaladas de competições imperialistas, neocolonialistas.

O derretimento dos gelos torna cada vez mais forte a convicção dos modernos caçadores dos grupos de monopólios, que podem explorar, livremente, a fantástica riqueza que dissimula a terra e, principalmente, o mar.

O gelo, que constituía o escudo natural da região, está diminuindo, mas, apesar de tudo isso, constitui ainda um obstáculo sério aos planos dos monopólios. Por sua conta, os países capitalistas põem a região no microscópio de ininterruptas pesquisas que avaliam as vantagens e desvantagens de qualquer tentativa de exploração das incríveis jazidas de petróleo e gás natural.

Da região não está faltando nenhuma ave de rapina: EUA, União Européia, China e, naturalmente, Rússia afiam suas garras e tentam – de qualquer forma possível – intervir. Já para as comunidades de aborígenes, destinam recursos financeiros com objetivo de garantirem, pelo menos, sua tolerância, se não for possível sua total manipulação pelos planos imperialistas de exploração de suas terras.

Também na região realizam-se, frequentemente, exercícios militares de grande escala, com a óbvia participação de forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), com alvo o exercício no controle de diversos cenários.



Cinco condôminos



A queda-de-braço entre as potências imperialistas busca garantir garantir-lhes o controle das fontes de recursos energéticos, das rotas de transporte marítimo e das fontes de água potável. Cresce o risco de eclosão de conflitos periféricos e, até, de uma guerra imperialista.

A maior parcela da região é constituída pelo Oceano Ártico, que permanece coberto de gelo. O Pólo Norte situa-se no centro. O Mar de Barents, o Mar Kara, o Mar da Groelândia, o Mar de Noruega, o Mar Boffor e alguns outros compõem o Oceano Ártico.

Esse é cercado por plataformas continentais do Canadá, Dinamarca (Groelândia), Finlândia, Islândia, Noruega, Suécia, EUA e Rússia, enquanto Noruega, Rússia, Canadá, Dinamarca (Groelândia) e EUA são os cinco Estados litorâneos condôminos do Oceano Ártico.

A região do Ártico estende-se por 14,5 milhões de quilômetros quadrados, na qual residem cerca de 4 milhões de pessoas. Deste total, 10% são grupos aborígenes, de várias etnias (Saamí, Inuit, Nenetsit, Aleutit, Athabascat e outros). O maior porto da região é da cidade de Murmansk, no Noroeste da Rússia.

Segundo estudos, em setembro de 2012 a camada de gelo do Círculo Polar Ártico havia sido reduzida em percentual recorde, para 3,41 milhões de quilômetros quadrados, enquanto o Oceano Ártico, até o final desta década, ficará – em sua maior parte – sem gelo.

A região total do Círculo Polar Ártico, tanto marítima, quanto terrestre, é uma das maiores – se não for a maior de todas – reserva de inúmeros recursos naturais não explorados até agora. Assim, o derretimento do gelo, em sintonia com a inovação e o desenvolvimento de novas tecnologias, multiplica as oportunidades de prospecção e extração de novas jazidas de hidrocarbonetos, além de outras matérias-primas do fundo do oceano.

Avalia-se que 1/4 das reservas de gás natural localizadas no mundo e 80% das reservas de gás natural da Rússia estão localizados aqui, no Círculo Polar Ártico. Igualmente, a Rússia possui 13%das jazidas de petróleo no mundo não exploradas ainda, 30% das não exploradas jazidas de gás natural e 20% das jazidas não exploradas de gás liquefeito.



“Lenin” no gelo



As maiores empresas petrolíferas multinacionais já estão operando aqui. Inúmeros pontos de prospecção estão em pleno funcionamento, e novos pontos estão sendo instalados cada vez mais ao norte. A Noruega, por exemplo, possui prospecção em 89 pontos do Mar de Barents e em breve iniciará perfurações em nove pontos.

A atividade extrativista não se limita somente a petróleo e gás natural. Em várias regiões do Círculo Polar Ártico têm sido localizadas importantes jazidas de diversos metais e minérios. Anotem que 90% da produção total de minério de ferro da União Européia e cerca de 20% de produção de níquel no mundo são extraídos da região que dispõe, ainda, de vastas extensões de florestas não desmatadas, além de 1/4 das reservas marítimas de peixes.

O derretimento do gelo proporcionou a possibilidade de abertura de novas rotas de navegação, especificamente, nas passagens Nordeste e Noroeste, para o Leste Asiático. Ano passado, 46 embarcações atravessaram o eixo do Mar do Norte, do Mar de Barents em direção ao Mar de Bering. E aqui já está em plena operação o único navio quebra-gelo movido a energia nuclear. É da frota da Marinha de Guerra da Rússia, e seu nome não poderia ser outro: Lenin.



Alex Corsini

Enviado especial.



ESTADOS UNIDOS–IRÃ

Qual será o preço do petróleo após o acordo?

Mercados sinalizam um suave recuo para o ouro negro

Istambul – O – mesmo que transitório – acordo entre os Estados Unidos (e alguns outros países auto-intitulados “grandes potências”) e o Irã sobre o programa nuclear iraniano criou novos fundamentos no mercado de petróleo, algo que constatou-se já na queda dos preços internacionais do ouro negro, considerando que, por um lado, reduz o seguro de risco (geopolítico) para os investidores, enquanto, por outro, poderá em médio prazo resultar no retorno aos mercados internacionais do petróleo iraniano, cujo volume diário calcula-se em 1 milhão de barris.

O petróleo tipo brent recuou US$ 2,52, para US$ 108,54 o barril, ou 2,2%. Já o preço do tipo leve (WTI) foi reduzido em US$ 0,89, para US$ 93,95 o barril, recuando cerca de 1%. Embora muitos acreditem que a queda inicial dos preços poderá expandir-se mais, o existente risco de abastecimento pelo Iraque, Líbia e Nigéria evitará a excessivamente repentina queda dos preços, segundo comentaram analistas de commodities, destacando que o acordo formalizado não garante a plena suspensão das sanções e o imediato retorno do petróleo iraniano ao mercado.

Para o UBS, o acordo EUA–Irã provocará, somente, suave queda de preço do brent, que, em futuro próximo, atingirá US$ 105 o barril e, eventualmente, poderá recuar para US$ 100 o barril.

Outros especialistas europeus calculam que o aumento das exportações do Irã, se existir, de fato, suspensão das sanções neste setor, poderá ser contrabalançado pela redução das exportações da Arábia Saudita, cujos príncipes estão ouvindo os “rangidos” de sua primazia como produtores de petróleo na região do Grande Oriente Médio, considerando que, após a suspensão das proibições, o Irã deverá ficar com uma grande fatia do bolo das exportações de petróleo.



Israel impede queda



Obviamente, o acordo não significa que será iniciado um repentino fluxo de petróleo iraniano ao mercado, porque o Irã é membro da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e o aumento do volume de sua produção petrolífera será regulamentado no âmbito do percentual definido pelo cartel, sob o predomínio da Arábia Saudita.

Simultaneamente, o acordo reduz o seguro contra risco geopolítico, ligado aos temores relacionados com a situação no Irã e a instabilidade geopolítica que cria no Grande Oriente Médio. Embora os analistas do mercado calculassem o seguro contra risco geopolítico entre US$ 10 e US$ 15 o barril, fontes do mercado sublinham que os investidores não deverão esquecer, também, a posição de Israel, a qual, na fase atual, parece que impede a queda dos preços.

Em todo caso, torna-se claro que o caminho para o recuo da escalada do preço do petróleo está aberto. A propósito, o setor de commodities do Deutsche Bank observa que “o acordo insere novos riscos relativos ao aumento das reservas da Opep. Assim, apesar de perspectivas positivas da demanda mundial de petróleo, os riscos da oferta têm aumentado, e o resultado é que não está excluída a hipótese de o ano que vem ser um ano em que os preços do petróleo oscilarão, pela primeira vez desde 1998, abaixo do limite médio das previsões gerais”.



Quem ganha



Outros analistas econômicos sustentam que “as vantagens comerciais diretas do acordo serão limitadas porque as sanções básicas sobre o petróleo e o setor bancário do Irã serão mantidas em vigor.

A importância do acordo deve-se ao fato que constitui uma primeira interrupção na decretação de severíssimas sanções contra o Irã e um primeiro passo ao retorno da economia internacional. As sanções reduziram a arrecadação iraniana em US$ 120 bilhões desde 2010, quando EUA e União Européia decretaram pesadas penalidades comerciais em energia, portos, seguros, marinha mercante, setor bancário e outras transações.

As indústrias automobilísticas da França, assim como as empresas transportadoras do petróleo iraniano, avalia-se, registrarão os maiores lucros. A suspensão da proibição de seguro europeu das cargas iranianas de petróleo favorecerá os armadores e as empresas seguradoras, ambas com sede, principalmente, em Londres, que cobrem o riscos pelos vazamentos de petróleo no mar.



Georges Pezmatzoglu

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